“Bença, vó”, artigo do padre Charles Borg para o Dia dos Avós

Celebra-se, no domingo mais próximo ao dia 26 de julho, dia dos santos Ana e Joaquim, avós de Jesus, o Dia Mundial dos Avós e Pessoas Idosas. Partilho trechos da mensagem que o Papa Francisco enviou para destacar a data e completo com um belíssimo testemunho de vida de uma avó, a corroborar as palavras do sumo Pontífice, ele mesmo, pessoa idosa.

Escreve o Papa: o versículo 15 do salmo 92 – dão frutos mesmo na velhice – é uma boa notícia que podemos, por ocasião do Dia Mundial dos Avós e Idosos, anunciar ao mundo. O mesmo vai contracorrente relativamente àquilo que o mundo pensa desta idade da vida. Muitas pessoas tem medo da velhice. Consideram-na uma espécie de doença, com a qual é melhor evitar qualquer tipo de contato. É a “cultura do descarte”: aquela mentalidade que, enquanto nos faz sentir diversos dos mais frágeis e alheios à sua fragilidade, permite-nos imaginar caminhos separados entre “nos” e “eles”. Na realidade, uma vida longa é uma bênção e os idosos, sinais vivos da benevolência de Deus que efunde a vida em abundância.

Bendita a casa que guarda um ancião! Bendita a família que honra seus avós. As sociedades mais desenvolvidas gastam muito para esta idade da vida, mas não ajudam a interpretá-la: proporcionam planos de assistências, mas não projetos de existência. O fim da atividade laboral e os filhos já autônomos fazem esmorecer os motivos pelos quais gastamos muitas das nossas energias. O mundo parece não deixar alternativas. Deus, contudo, chegada a velhice e os cabelos brancos, continua a dar-nos a vida. Ajuda-nos a descobrir que envelhecer não é uma condenação, mas uma bênção. A velhice não é um tempo inútil, no qual a pessoa deva pôr-se de lado recolhendo os remos para dentro do barco, mas uma estação para continuar a dar frutos.

Vó Catarina, falecida aos 97 anos, confirma que idade, doença e restrição motora não impediam que ela preservasse seu vigor evangelizador. Segundo sua neta Eileen, vó Catarina, impedida de andar por conta de um AVC, conservava seu natural bom humor a ponto de responder aos que se admiravam com seu constante bom astral com a expressão: uai, não estou doente, só não posso andar. A crescente intimidade entre as duas e a admiração pela avó fez Eileen indagar qual seria o segredo que a mantinha sempre tão animada e positiva.

Candidamente, vó Catarina confidenciou que em seus momentos de solidão, rezava muito e para muita gente – agora mesmo estava rezando por seu filho! Ou então, crio poesias em minha mente. Cantarolo melodias da minha infância. Sou poeta de palavras e de preces! Nunca estou ociosa! Procuro sempre ocupar-me com boas causas, merecedoras de admiração e louvor!

Vó Catarina soube transformar seu pequeno quarto num santuário de amor. Bom humor e alegria são mesmo sinais infalíveis da presença de Deus! Sim, perfeitamente possível dar frutos mesmo na velhice! Vida longa é dom!
FELIZ DIA DOS AVÓS!

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