“Salvar do que”? É a pergunta que céticos, agnósticos e cristãos pensantes costumam fazer ao procurar entender o mistério do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo! A verdade explícita na mensagem bíblica, tanto na anunciação do anjo Gabriel a Maria quanto à revelação recebida por José, seu noivo, afirmava declaradamente que o Filho de Maria nasce para salvar a humanidade. A indagação salta espontânea, embora imprecisa! A resposta, igualmente pronta, no discurso de muitos crentes professando que Jesus nasce para salvar a humanidade de seus pecados, embora correta, necessita ser mais bem explicitada.
Não é necessária muita investigação para concluir que o mundo, e o ser humano, em particular, andam desorientados. Apesar dos formidáveis avanços em todas as áreas vitais da vida, o cidadão permanece desencontrado. Evidente está o clima difuso de ansiedade, insegurança e pessimismo. O futuro não inspira confiança. Percebe-se que no cotidiano existencial sempre estar faltando algo para completar aquele anseio de repouso confiante e de alívio tranquilo. Busca-se, de forma vaga, embora incessante, alguma liderança capaz de indicar caminho seguro para uma beatitude serena, alguém que aponte verdades consistentes e com real potencial para sossegar as mentes inquietas. Clama o ser humano por uma libertação existencial. Análise mais aprofundada aponta como causa básica para esta difusa ansiedade comportamental, a onipresente presunção que macula muitas das iniciativas humanas e esgarça relacionamentos.
O individualismo exacerbado e o egocentrismo ambicioso alimentam o presente clima de intolerância que semeia discórdias em vários níveis de convívio, como também respondem pela crescente sequência de violências com diversos graus de brutalidade. A humanidade anseia respirar paz, harmonia, concórdia, progresso indiscriminadamente acessível.
Assumindo a condição humana, o Filho de Deus entrou na história da humanidade para ser, com seu exemplo de vida, a resposta para os mais profundos clamores da alma humana. Jesus Cristo cuidou preferencialmente de primeiro viver o amor e o respeito pelo semelhante. Seus ensinamentos corroboravam sua ação. Fazer o bem sempre e a todos foi seu programa de vida. Demonstrou, com modestas atitudes, que religião e mandamentos escritos que não incutem o serviço ao próximo e não induzem a esquecer-se de si em favor do semelhante, deturpam o culto e contradizem o projeto original de Deus de vida plena para toda a humanidade.
O culto é verdadeiro e santifica quando promove a fraternidade, quando agrega pessoas. Os mandamentos são cumpridos quando inspiram justiça e fomentam a misericórdia. O mais formidável, no entanto, neste processo redentor – e que comprova sua autenticidade – é a inversão da logística adotada. Normalmente, é o doente que procura o médico.
No processo redentor, é o Filho de Deus, o médico espiritual, que toma a iniciativa e procura o doente, é o pastor que sai em busca da ovelha perdida. Emerge espontânea a estratégia a ser seguida para convencer o mundo – e as pessoas – a reconhecerem a necessidade urgente de aclamar Jesus Cristo como salvador e o acolher como redentor: reproduzir seu exemplo de bondade. Adotar sua estratégia. Ir ao encontro do desiludido, iluminar o cético, socorrer o desamparado. Crer, em suma, na força do bem! O mundo melhora quando os cidadãos decidirem mudar suas condutas! O ser humano anseia viver no compasso do amor não da rivalidade, da solidariedade e não da concorrência. Intui que a verdade prevalece sobre a mentira. Convence-se que o bem é mais contagioso que o mal! Humildes atitudes, em suma, curam e convertem!
Jesus Cristo é a encarnação deste humilde amor. Jesus Cristo é o amor de Deus feito gente! Celebrar o nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo representa mergulhar neste mistério de amor generoso, adotar sua logística a ponto de reproduzi-la nas próprias escolhas. Celebrar o Natal de Jesus Cristo é consentir que o Verbo se incarna na própria existência a ponto de se perceber motivado a praticar com despojamento a caridade incondicional, elevando ambientes, valorizando vínculos, reavivando relacionamentos. Vinte e cinco de dezembro vem e vai. O viço do amor redentor é perpetua celebração!
FELIZ NATAL!