As redes sociais constituem o novo areópago! Na Grécia antiga, os cidadãos se reuniam no espaço conhecido como areópago para discutir problemas relacionados à vida social. Ali também se apresentavam notáveis para expor suas ponderações e oradores para declamar suas convicções. O areópago registrava a pressão arterial da cidade. Em tempos modernos, esse debate amplo e livre se dá no espaço eletrônico das redes sociais. Assim como no areópago grego a palavra era livre, no moderno espaço eletrônico a manifestação de pensamento é livre.
Consequentemente, todos os usuários possuem o mesmo direito de manifestar-se. Assim como no areópago, a manifestação era democrática, as redes sociais se apresentam como espaço aberto à divulgação de todas as tendências. Entende-se que liberdade e democracia funcionam bem quando disciplinados pela responsabilidade e pelo respeito. Em se tratando do ser humano, contudo, mesmo as mais nobres intenções ficam sempre sujeitas a deturpações e abusos.
Aconteceu com a evolução da fala! Em tese, representa a mais nobre distinção do ser humano, capacitando-o a externar em palavras sentimentos e pensamentos. Em seu estado puro, a palavra edifica. Enleva. No entanto, o ser humano consegue transformar a fala em instrumento de agressão, de vilipêndio. Não é a fala que é errada. O mau e leviano uso dela é que a transforma em veneno mortal!
As redes sociais representam enorme avanço cultural e comunicativo. Aproximam pessoas. Em tempo real informam. Com espantosa rapidez mobilizam dezenas de milhares de pessoas em iniciativas solidárias, com capacidade para salvar vidas. Com a mesma rapidez e eficácia, contudo, são capazes de semear mentiras, disseminar ódios, desagregar pessoas. Por conta dessa imensa capacidade de desinformar e desorientar, surgem rotineiramente propostas de censura e de controle. Resiste-se sabiamente a este tipo de patrulhamento, até porque fica sempre difícil definir padrões de justo controle, sempre sujeitos a interesses dissimulados.
Ideologias com maior poder econômico tendem a monopolizar o patrulhamento, impondo costumes e implantando doutrinações. E, obviamente, calando impiedosamente opositores. O caminho certo para a redenção de qualquer inciativa deturpada se faz resgatando o ideal original. Sombras se vencem com luzes! No caso das redes sociais o resgate se dá ao investir maciçamente na humanização da tecnologia digital. Humanizar representa colocar o ser humano, sua inata dignidade e excelência, como indispensável referência de toda iniciativa digital.
Deturpa as redes sociais a manipulação do ser humano, o nefasto propósito de querer moldá-lo segundo arbitrárias teses. No caso, não é o ser humano que interessa, mas a imposição de subjetivas teses. Conhecida é a logística neste esquema, própria a regimes autoritários, intermitente e sistemática doutrinação a tolher possibilidade de filtros amparada em articulada propaganda que reduz intencionalmente tempo de análises. Sufoca-se a liberdade. Distorce-se a verdade. Manipulam-se consciências.
Humanizar é assegurar amplas condições para o conhecimento da verdade dos fatos e garantir conveniente espaço para análise e subsequente opção de escolha. Humanizar sugere evangelizar as redes sociais. Nota-se, evangelizar não se resume a transformar as redes sociais em púlpitos virtuais. A tecnologia digital representa hoje um dos mais evidentes sinais de poder. Evangelizar é humanizar o poder que essas plataformas possuem! Evangelizar a tecnologia digital é tarefa mais envolvente, mais desafiadora: induzir patronos e gestores – usando com discernimento os “clicks” de acesso – a colocarem o ser humano como primeiro e insubstituível valor das redes. Com toda razão, as redes sociais são vistas como as novas terras de missão!