“Ide, ensinai”! A fé resulta da escuta! No elementar raciocínio do apóstolo Paulo, a escuta somente é possível se houver agente que anuncia! Divulgar o Evangelho, portanto, constitui uma das primordiais tarefas confiadas por Jesus a seus discípulos. A condição de discípulo representa uma implícita comissão para divulgar o Evangelho. Urge, todavia, compenetrar-se que a missão repassada pelo Mestre a seus discípulos não se resume apenas ao ensino. Envolve “fazer discípulos”. O anúncio das verdades evangélicas encontra-se pautado por um objetivo definido: fazer discípulos. Perfeitamente possível é conhecer as verdades evangélicas sem, contudo, praticá-las. Esta tensão existencial representa um dos agudos focos de conflito entre Jesus e os doutores da lei de sua época. Esses conheciam bem a doutrina, mas não a praticavam. Mereciam, por isso, duras críticas por parte do Mestre. Coerente, Jesus exigia de seus seguidores não somente conhecimentos doutrinários, mas, e principalmente, a vivência dos básicos requisitos da sua pregação. “Vá e faça o mesmo”! determinou ao mestre da lei que tramou colocar Jesus em apuros.
Aflige a situação de manipulação e de ignorância a que são submetidas inúmeras pessoas em sua boa fé. A história do povo de Deus encontra-se entremeada por períodos de crônica ignorância religiosa. Despreparados, os fiéis são facilmente manipulados e dominados por elites religiosas oportunistas, interessadas, principalmente, em garantir privilégios e explorar poder religioso. Repara-se, atualmente, o incomodo florescimento de um fetichismo religioso em forma de quaresmas, novenas, jejuns e similares a que se dá exacerbada importância. O sentimento religioso de muita gente esgota-se no apego a essas práticas pseudomísticas que mais alienam que educam. Mais emocionam que convertem! Dá-se ao que é secundário obsessiva importância enquanto se olvida o que é realmente primário. Ensinar e fazer discípulos é missão de inadiável urgência.
Ensinar e educar são tarefas distintas, embora intrinsecamente relacionadas, particularmente no quesito religioso. O catequista – seja ele padre, religioso/a, cristão/ã leigo – ensina. A família educa. Na igreja se aprende as verdades da fé, mas é na vivência familiar que se amadurece na fé. A catequese paroquial alcança seu desejado objetivo somente quando conta com a consciente colaboração da família, na forma de vivência religiosa. Por sua vez, a família cristã confia à catequese paroquial o devido embasamento doutrinário para complementar a educação religiosa de crianças e jovens. Do catequista se espera, por óbvio, que seja não somente qualificado instrutor como consciente praticante. Ensina-se afinal, não somente com palavras, mas com exemplos. Por outro lado, dos pais se espera, igualmente, que estejam razoavelmente formados na doutrina, básico pressuposto para amadurecida e transformadora prática da fé. Igreja e família se complementam na tarefa de ensinar e viver a fé. Bem-aventurada a família cujos pais reconhecem-se necessitados de catequese permanente!
Ensinar e fazer discípulos de Jesus Cristo! Missão primária da Igreja! Responsabilidade intransferível da família cristã! Clamor silencioso do atual mundo à deriva, desorientado em seus valores e corrompido pela abundância e pela fácil acessibilidade à bens materiais! Ensino e educação, catequese e testemunho, Igreja e família, agentes conjugados em busca de salutar amadurecimento e urgente renovação na vida da jovem geração!