Indissociáveis são Deus e o Homem! Esta verdade, querida e defendida por eminentes teólogos e filósofos cristãos, emergiu cristalina em uma reunião convocada pelo senhor bispo diocesano, D. Sergio Krzywy, com os padres da cidade de Araçatuba. Convocados para uma avaliação pastoral neste tempo de pandemia, os padres relataram, em regime de partilha, as experiências vividas e colhidas nas paróquias desde a introdução do Plano São Paulo. Passada a primeira sensação de pânico e de aguda apreensão, tanto os sacerdotes como as comunidades foram se adaptando ao inusitado jeito de celebrar sem fiéis, tendo aparelhos de smartphones e de câmeras filmadoras como presenciais assistentes.
Paulatinamente, todavia, foi se compenetrando da enorme valia das redes sociais, dado o formidável potencial de sua penetração. Sacerdotes e fiéis mantiveram-se conectados, preservando acesa a caridade eclesial. Famílias inteiras passaram a participar juntas das celebrações. Gente que havia tempo andava ausente da igreja, voltou a aproximar-se, naturalmente. Já mais familiarizados com as plataformas, os padres entendem que não será mais possível realizar uma envolvente ação pastoral sem o suporte dos recursos da informática. Precioso suporte, ingente desafio!
Intimamente atrelada a esta ‘descoberta’, transpareceu a enorme sede de Deus presente no coração das pessoas. Embora conectados virtualmente, por intermédio de diversas iniciativas de caráter piedoso, catequético e pastoral, ficou evidente a lacuna espiritual provocada pelo jejum presencial nas celebrações. O povo ansiava pela presença do divino! Precisava ‘sentir’ Deus! Afligia a falta da comunhão eucarística. Reclamava o consolo e a alegria da comunhão eclesial. O acento materialista da rotina pre-pandemia, insinuava generalizado descarte das práticas religiosas.
Com igrejas fechadas e celebrações suspensas, ficaria consensualmente decretada a morte da religião! Verificou-se exatamente o contrário! O povo voltou a olhar para o alto! Pedia alimento espiritual. Cobrava a volta das liturgias. Reafirmou-se a importância do transcendente na vida. Neste acentuada abertura para o divino, sobressaiu a alma juvenil. Numerosos jovens externam profundo desejo de Deus. Buscam intensificar sua comunhão amorosa com o Criador. Oportuna ocasião foi a pandemia para confirmar a intensa sede de Deus presente no coração das pessoas.
A autenticidade deste anelo pelo divino ficou exemplarmente externada pela maciça e generosa participação de indivíduos e comunidades nas variadas iniciativas de solidariedade promovidas pelas paróquias e outras associações afins. A alegria em poder ajudar, em querer partilhar, estava estampada no rosto das pessoas que se apresentavam tanto para doar como para recolher e distribuir as toneladas de alimentos, de material de higiene e produtos sanitários.
As doações vieram de todas as classes de pessoas. Em alguns casos, evocou-se o episódio evangélico da viúva que depositou suas parcas reservas no cofre do templo. Se em uma casa pobre há alimento, vizinho algum passa fome! Esse formidável mutirão solidário comove. Confirma, acima de tudo, a básica norma cristã: não há amor genuíno por Deus sem compaixão para com o semelhante. Válidas e necessárias permanecem as liturgias conquanto mantenham viva a compaixão e ativa a caridade!
Pelos frutos é que se conhece a saúde da árvore! A verdadeira fé em Deus se expressa no espontâneo respeito pelo ser humano. A prática da misericórdia é a mais bem acabada liturgia! Crer é viver! Fé em Deus e caridade para com o próximo são indissociáveis! Parabéns, povo cristão de Araçatuba pela viva fé e pela comovente demonstração de solidariedade!