Graça e missão, artigo do padre Charles Borg

“Eu sou o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas”! No quarto domingo após a Páscoa, medita-se na liturgia católica, o discurso em que Jesus se identifica como o pastor bom que zela pela vida de seu rebanho. Ele é o bom pastor porque sacrifica a própria vida para salvar a vida de seu rebanho. Desde 1964, a Igreja Católica conclama seus fiéis para, neste dia, refletir sobre a riqueza e necessidade das vocações, em especial para o ministério ordenado e para a vida religiosa. Concomitantemente, motiva seus membros a orarem pedindo mais vocações sacerdotais e religiosas para a Igreja. O Papa Francisco, como é de costume, enviou uma mensagem para o povo de Deus, em especial para os jovens, para animar a reflexão sobre o tema da vocação e para incentivar a oração pelas vocações. Seguem alguns trechos da mensagem do Santo Padre.
O chamado do Senhor é graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, é empenho em partir, sair para levar o Evangelho. Animado pelo Espírito Santo, o cristão deixa-se interpelar pelas periferias existenciais e pelos diversos dramas humanos. Com Deus vivemos em comunhão de amor. Ele nos concebe à sua imagem e semelhança e nos quer como filhos. Somos criados pelo Amor, por amor e com amor e somos feitos para amar. Este chamado alcança-nos de maneira sempre nova, ilumina nossa inteligência, infunde vigor na vontade, enche-nos de admiração e faz arder o nosso coração. A vocação é uma combinação entre a escolha divina e a liberdade humana, uma relação dinâmica e estimulante que tem como interlocutores Deus e o coração humano. Deus chama amando, e nós, agradecidos, respondemos amando.
O chamado de Deus inclui o envio. Não há vocação sem missão. O chamado divino ao amor é uma experiência que não se pode calar. A missão comum a todos nós, cristãos, é testemunhar com alegria, por atitudes e palavras, aquilo que experimentamos estando com Jesus e na sua comunidade, que é a Igreja. E traduz-se em obras de misericórdia materiais e espirituais, num estilo acolhedor e sereno, capaz de proximidade, compaixão e ternura, em contracorrente à cultura do descarte e da indiferença. Esta ação missionária nasce de uma profunda experiência com Jesus.
Na igreja, somos todos servos e servas, segundo diversas vocações, carismas e ministérios. Somente na relação com todas as outras é que cada vocação específica na Igreja se revela plenamente com a sua própria verdade e riqueza. Neste sentido, a Igreja é uma sinfonia vocacional, com todas as capacitações unidas e distintas em harmonia e juntas “em saída” para irradiar ao mundo a vida nova do Reino de Deus.
Que o Espírito do ressuscitado nos faça sair da apatia e nos dê simpatia e empatia, para vivermos cada dia regenerados como filhos de Deus-amor. Seremos, por nossa vez, gerados no amor: capazes de levar a vida a todos os lugares, especialmente, onda há exclusão e exploração.

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