Dieta alimentar demanda discernimento! Houve época quando alguns alimentos eram terminantemente banidos do cardápio do cidadão que pretendia levar vida saudável. Houve época quando o ovo era visto como vilão, demônio a ser fervorosamente exorcizado. Luiz Fernando Veríssimo reclamou indenização dos nutricionistas que o obrigaram a abster-se da sua iguaria preferida quando finalmente chegou-se à conclusão de que o ovo não provoca nenhum dano à saúde. Ao contrário, passou-se a recomendar seu consumo! É consenso não existir nenhum alimento proibido. Com moderação e bom senso, embasado em conhecimento fundamentado, fica perfeitamente saudável satisfazer o paladar e deliciar-se com toda espécie de comida. A analogia aplica-se para todas as áreas da vida: conhecimento embasado é pré-requisito fundamental para todo e qualquer progresso equilibrado.
Da mesma forma que se interessa em preservar o físico saudavelmente nutrido, urge-se aplicar-se em manter a mente e o espírito sapientemente informados. Literatura balanceada e pesquisa aplicada mantêm a mente alerta e o espírito vigoroso. Nesses tempos de comunicação fácil, farta e veloz torna-se especialmente imperativo filtrar informações, como também aplicar-se em consultar literatura genuinamente consistente.
Assim como o fast food, a longo prazo, prejudica a saúde física, informações repetidamente levianas e comentários tendenciosos atrasam o amadurecimento intelectual e impedem objetividade no discernimento e serenidade nas exposições. O imperativo de estudar, aprofundar e ampliar o horizonte do conhecimento faz-se hoje especialmente necessário, por causa da polarização exacerbada que marca o debate moderno. Observa-se preocupante e difusa tendência, mesmo entre pessoas escoladas, de consultar somente aquela literatura que combina com o próprio jeito de pensar. Acomoda-se em ler, ver ou ouvir temas repetidos, comentários previsíveis. Incorre-se numa preguiça intelectual, tóxica e presunçosa. Previsivelmente, este procedimento provoca conceitos bitolados e teses prefixadas, com distorcidos reflexos na compreensão da realidade e subsequente dificuldade no intercâmbio de ideias. Debates tornam-se ríspidos, com evidente aumento de ansiedade e tensão, frequentemente descambando para intolerâncias e ofensas. Navega-se, intelectualmente, no piloto automático, equivocadamente protegido por uma capa culturalmente impermeável. Enorme fica o empobrecimento cognitivo. Aflitiva a esterilidade do debate.
É preciso humildade para crescer no conhecimento. Amplia o entendimento quem reconhece, modestamente, que não sabe tudo e é capaz de admitir que mesmo naquilo que imagina saber ainda sobra espaço para retoques e avanços. Prepotência emperra entendimento. Arrogância aborta pesquisas. É preciso amor à sabedoria para ajustar ideias e coragem para aprimorar conceitos. Urge estudar com mente leve e inteligência aberta. Imperativo se faz manter-se atualizado e equilibradamente informado. Inclusive em assuntos religiosos e teses espirituais. O entendimento do dogma, como qualquer outro campo de conhecimento, é dinâmico. Somente assim se consegue falar com sabedoria e ensinar com amor! Fosse de outro jeito, ainda estaria proibido consumir ovo!