Padre Charles Borg escreve sobre o Dia dos Pais

Aperfeiçoa-se o papel de pai! Em uma cultura em constante transformação é natural que o papel do pai evolua segundo novos costumes. Abandona-se paulatinamente o conceito tradicional de pai provedor, cuja função primordial concentrava-se em assegurar para a família condições materiais decentes para uma vida digna, e evolui-se para uma realidade de uma paternidade mais integrada e participativa no cotidiano do lar. Na contramão desta postura mais envolvente e mais sensata, registra-se o absurdo aumento de casos de violência doméstica. Se, de um lado, encontram-se pais que compartilham responsavelmente com esposas e filhos as diversas funções domésticas, por outro, registra-se a deplorável, obsoleta e covarde mentalidade machista de considerar esposas e filhos como se propriedades particulares fossem. E trata-los como elementos descartáveis.

Neste contexto de uma sociedade em formação, aconteceu, recentemente, um encontro de retiro espiritual para papais. Em um determinado momento do evento, o moderador solicitou aos participantes que se dividissem em pequenos grupos e os orientou a partilharem experiências vividas com seus próprios pais e como essas lembranças impactam no exercício de suas funções paternas. Por óbvio, diversos foram os testemunhos. Teve gente que não experimentou a alegria da presença paterna pelo triste fato da morte prematura do genitor. Ou porque o pai simplesmente largou sozinha a mãe e abandonou a família. Teve, também, o testemunho de quem lembrava, com satisfação, como o pai o levava para a escola. Emendou, outro participante, a surpresa do colega de seu filho ao descobrir que ele, o pai, morava junto, na mesma casa, com a mãe e os filhos: mãe, exclamou o colega de seu filho, o pai do fulano mora na casa dele! Outro recordou com ternura e emoção a experiência vivida com seu pai que o levava para a igreja.

O pai, contou, não somente nos levava para a igreja, mas fazia questão de participar conosco da missa. Fazia parte do nosso programa de domingo. As diversões e os passeios eram preparados com antecedência, não sem reservar o tempo para a missa. Com seu exemplo, meu pai me ensinou – contou – que as obrigações religiosas não são facultativas, mas essenciais para uma vivência familiar harmoniosa e para a construção de uma conduta correta e digna. Continuou o rapaz a dizer que aprendeu a rezar com seu pai, tanto as rezas tradicionais como também o verdadeiro sentido de orar. Meu pai me ensinou a conversar com Deus, a agradecer as bênçãos recebidas durante a semana como também a solicitar sua ajuda nas diversas tarefas da vida.

O que aprendi com meu pai, prosseguiu no seu testemunho aquele jovem pai, procuro repassar a meus filhos. Partilhou a inexplicável ternura que sente toda vez que pega na pequenina mão do seu caçula. Indo para a igreja, ou para a escola ou para brincar faz questão de mostrar ao pequeno como é importante ter uma mão segura a guiar nossas vidas. Encontram-se dificuldades na vida, há ruas movimentadas e perigosas a atravessar, há desafios a vencer. Às vezes, se quer superar sozinho os obstáculos e até se consegue, mas com uma mão firme a conduzir, as travessias serão muito mais fáceis e seguras. Terminou seu comovente testemunho lembrando uma verdade que o pai dele nunca deixava de repetir; quando se decide ir ao encontro de Deus, Ele já está à espera. Deus sempre chega primeiro!

Pais responsáveis e integrados ensinam com seu exemplo de vida. Esforçam-se para construir um lar que seja escola de amor, aprendizado de respeito. Desdobram-se para assegurar um futuro confortável para seus pequenos, sem jamais esquecer, todavia, que a pessoa vale pelo que é e não pelo que tem! O material, como se sabe, é extremamente volúvel. Amizades também! Convencer a crer em Deus, que mostra ser Pai verdadeiro porque sempre chega primeiro, é a herança mais nobre, mais duradoura, mais reconfortante que um pai humano pode deixar a seus filhos!
FELIZ DIA DOS PAIS!

X