Padre Charles – Destaca a postura de Fé do Cristão

Fé não combina com silêncio! Costuma-se avaliar a relevância de determinadas iniciativas religiosas pelo número de participantes. Nem sempre, porém, templos cheios indicam integral e consciente adesão! Igualmente, fé não se mede por decibéis! Mister se faz atentar-se para não cair em equívocos. Embora seja uma propriedade íntima, a fé sempre se faz perceptível! Por seus desdobramentos é que se conhece sua real identidade! E sua objetiva influência!

Pessoas que esgotam sua religiosidade no ritual, que se satisfazem apenas por participarem assiduamente de celebrações, demonstram possuir uma fé protocolar. Superficial e padronizada! A fé, anunciada por Jesus Cristo e testemunhada pelo exemplo de sua vida, é uma virtude essencialmente dinâmica e transformadora. Por sua natureza a fé pregada por Jesus Cristo e nele inspirada, gera natural impulso de repassar valores, renovar ambientes! A fé evangélica é incompatível tanto com o sensacionalismo como também com o anônimo silêncio! Ao comparar a fé a um grão de mostarda, Mestre Jesus apresenta segura referência para realizar uma objetiva avaliação da sua autenticidade.

Plantada, a semente cresce e se transforma gradualmente e sem ruídos em frondosa árvore com condições de dar abrigo a inúmeros pássaros. É da natureza da semente transformar-se em árvore fecunda e garantir benefícios para outros! Salta o referencial evangélico para avaliar a autenticidade da fé: o bem prestado a outros. A fé em Jesus Cristo é essencialmente operante! Aderir a Jesus Cristo é assumir naturalmente causas humanitárias. Desponta logo que reduzir a fé ao campo meramente intimista, ritualista e/ou sentimentalista é um processo essencialmente contrário ao espírito do Evangelho.

Nota-se, com apreensão, que a maneira intimista de encarar e encaminhar a fé expande com notória velocidade. Cumprem-se deveres religiosos, promovem-se devoções, ignorando o sofrido cotidiano da grande multidão em volta. Como se possível fosse prestar culto a Deus e ignorar o clamor de milhões de seus filhos humilhados!

Cantam-se hinos e gritam-se louvores, mas permanece-se calado, ou mesmo indiferente, diante das variadas situações de injustiças a afligir milhões de semelhantes. Nesta mentalidade não é surpreendente encontrar pessoas levando vidas duplas. Não é tão raro assim ver tiranos ou figuras públicas notoriamente ímprobas comungando ou sendo ostensivamente abençoadas! De uma maneira assaz clara Jesus ensina que o mandamento de amar a Deus é inseparável do amor fraterno. E o amor fraterno se cumpre quando se porta, despretensiosamente, como se portou o bom samaritano. O apóstolo Tiago repete a mesma instrução de forma mais contundente ainda: fé sem obras é fé morta! Árvores se conhecem pelos frutos!

Fé autêntica não combina nem com omissão nem com espalhafato! Fé viva muda referências, transforma ambientes! Em sua pureza, a fé induz a entender que a ligação com Deus impõe estreitar a comunhão com o semelhante. Quanto mais presente Deus na vida do fiel, mais comprometido este se torna com a história da humanidade! Por sua própria natureza, a fé evangélica desaloja! Tira do anonimato. Humaniza, em suma, sem histerismos, mas com propósitos definidos!

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