Existem pelo menos 22 santos com este nome. Hoje é festejado, segundo as indicações do Martirológio Romano, o mais antigo e mais desconhecido de todos: “Em Cirene, na Líbia (festeja-se) são Lúcio bispo, de quem faz menção são Lucas nos Atos dos Apóstolos”. Na realidade a menção de Lucas é muito pouca: “Havia na comunidade de Antioquia profetas e doutores: Barnabé, Simeão de sobrenome Niger, Lúcio de Cirene, Manaém, companheiro de infância de Herodes tetrarca, e Saulo”. Os exegetas da Bíblia de Jerusalém fazem notar que “os cinco aqui enumerados, profetas e doutores, representam o governo da Igreja de Antioquia; confrontar a lista dos doze (1,13) e aquela dos sete (6,5). Como estes últimos, parece que também os cinco de Antioquia sejam judeus helênicos’’.
Em Cirene nasceu também outro Lúcio, lembrado pelo Martirológio Romano a 20 de agosto: “Em Chipre são Lúcio Senador, o qual vendo a circunstância em que Teodoro, bispo de Cirene, foi martirizado, converteu-se à crença em Cristo e arrastou a essa também o chefe Digniano, com quem foi a Chipre e lá vendo como vários cristãos eram coroados pela confissão do Senhor, ofereceu-se espontaneamente, e com a decapitação mereceu também ele a coroa dos mártires”. E mártires foram também todos os outros Lúcios comemorados no Martirológio, exceto quem é festejado no dia 3 de dezembro: “Em Coira, na Alemanha, são Lúcio, rei dos bretões, que foi o primeiro rei a abraçar o cristianismo no tempo de santo Eleutério papa”, ou seja, lá pelos fins do século II.
O Lúcio mais importante é festejado a 4 de março: “Em Roma, na via Ápia, o natal de são Lúcio I, papa e mártir, que na perseguição de Valeriano, pela fé em Cristo, foi mandado primeiro ao exílio e depois por vontade de Deus obteve licença para voltar à sua Igreja. Finalmente, após ter muito lutado contra os novacianos, sofreu o martírio com a pena da decapitação. São Cipriano depois o celebrou com louvores solenes”. Na realidade, uma nota crítica dos compiladores do novo calendário adverte que “a memória de são Lúcio († em Roma em 254), introduzida no calendário romano em 1602, está cancelada ou suprimida, pois não existe motivo algum para enumerar são Lúcio entre os mártires: seu nome está de fato na Depositio Episcoporum (354).
Fatos históricos e lendas nada mais fazem do que lembrar que Cristo escolhe as suas “testemunhas” em todas as latitudes e em todos os tempos e camadas sociais, sendo ele Caminho, Verdade e Vida.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.