Toda criança precisa de um lar e de uma educação responsável

Autor: padre Charles Borg*

A festa do Natal de nosso Senhor Jesus Cristo é também a festa da família! É motivo de genuína alegria contemplar as festivas reuniões familiares que acontecem nesta época de fim de ano! Filhos e parentes viajam porque fazem questão de se fazer presentes nas ceias e confraternizações organizadas para a ocasião. E quando fica impossível estar fisicamente presente, a ausência fica mitigada graças aos formidáveis avanços tecnológicos.

É fato, época de Natal é tempo privilegiado para reavivar e destacar a importância dos vínculos familiares. Uma explicação para este feliz fenômeno pode ser encontrada na representação cênica do nascimento de Jesus! Nos presépios, junto com a imagem do Menino Jesus destacam-se as figuras de Maria e de José. O Filho de Deus quis nascer e crescer em uma família humana, como qualquer outra criança. Neste singelo critério, Jesus quis ser igual a todas as crianças.

Pertencer a uma família representa um dos pressupostos fundamentais para um crescimento integral e um amadurecimento consistente de uma criança. Nascer e crescer em uma família estável é fator indispensável para uma evolução saudável tanto no aspecto fisiológico, como também psicológico, emotivo e religioso. Não é sem motivo que o evangelista Lucas, médico de profissão, registra que em Nazaré, no aconchego familiar, Jesus crescia em sabedoria e graça diante dos homens e diante de Deus! Emerge nitidamente um dos preliminares requisitos na geração de filhos: a consciência dos futuros pais quanto à responsabilidade para com os filhos! Filho precisa ser querido e amado antes mesmo de ser concebido. Uma vez gerado, a vida dos pais muda radicalmente de rumo e de ritmo. Abre-se mão de vantagens individuais para poder se dedicar integralmente para o cuidado do filho.

Amplamente conhecidas são as nefastas consequências na saúde psicológica e emotiva do filho quando os pais encaram com leviandade essa responsabilidade. É falta de total respeito para com um filho quando os pais abdicam de suas responsabilidades, ou mesmo quando as terceirizam, para poder prosseguir com planos de carreira profissional ou com atividades sociais. O mesmo deve ser dito quanto à formação religiosa. É triste constatar o numeroso rol de pais que pedem batismo para seus filhos para depois relegar a prática religiosa à condição de acessório.

É uma grande falta de consideração assumir compromisso tão sério de educar na fé uma criança, para depois simplesmente ignorá-la. Já foi dito e comprovado: a saúde de uma nação – e de uma família – se mede pela maneira com que as crianças são tratadas. Urge compenetrar-se que o crescimento integral de uma criança não se esgota em roupa e comida. Mais que uma casa, a criança precisa de um lar onde aprende a amar e respeitar o outro porque respira e recebe amor e respeito.

Onde percebe que Deus e religião são valores integrados no cotidiano e não acessórios a que se recorre quando as circunstâncias apertam! Belo propósito para o começo do ano seria assumir perante nossas crianças o compromisso de relacionar-se com elas com o respeito devido a seres humanos que existem porque nós as queríamos! FELIZ ANO NOVO!

 

*Padre Charles Borg é vigário-geral da Diocese de Araçatuba

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