“Formosos são os pés do mensageiro que anuncia a paz”! Inspirado neste tema, o papa Francisco dirige a todas as pessoas de boa vontade sua tradicional mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado no primeiro dia de cada ano. Apresento, a seguir, trechos selecionados desta mensagem com o objetivo de levar aos leitores a reflexão do Papa.
“As palavras do profeta Isaias manifestam a consolação, o suspiro de alívio de um povo exilado, extenuado pelas violências e os abusos, exposto à infâmia e à morte. Para aquela gente, a chegada do mensageiro de paz significa a esperança de uma renascimento dos escombros da história, o início de um futuro luminoso. Ainda hoje, o caminho da paz permanece, infelizmente, arredio da vida real de tanta gente. Apesar dos múltiplos esforços visando um diálogo construtivo entre as nações, aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos, as mesmo tempo que ganham espaço doenças de proporções pandêmicas, pioram os efeitos das alterações climáticas e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a predominar um modelo econômico mais baseado no individualismo do que na partilha solidária.
Em cada época, a paz é conjuntamente dádiva do Alto e fruto de um empenho compartilhado. Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família. Quero propor três caminhos para a construção de uma paz duradoura: o diálogo, a educação e o trabalho.
Num mundo ainda fustigado pela pandemia, entre a indiferença egoísta e o protesto violento há uma opção sempre possível: o diálogo, mais precisamente o diálogo entre as gerações. Todo diálogo sincero exige sempre uma confiança de base entre os interlocutores. Devemos voltar a recuperar esta confiança recíproca. A crise sanitária atual fez crescer, em todos, o sentido da solidão e o isolar-se em si mesmos. Esta crise é sem dúvida aflitiva, mas nela é possível expressar-se também o melhor das pessoas. De fato, constatamos generosos testemunhos de compaixão, partilha e solidariedade.
Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos, amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as sementes de uma paz duradoura e compartilhada. Se os jovens precisam da experiência existencial, sapiencial e espiritual dos idosos, também estes precisam de apoio, carinho, criatividade e dinamismo dos jovens. A crise global que vivemos mostra-nos a força motora de uma política sã que presta-se, como forma eminente de amor pelo outro, à busca de projetos compartilhados e sustentáveis. Unidos, poderemos aprender uns com os outros. Sem as raízes, como poderiam as árvores crescer e dar fruto?
Continua