Máxima, artigo do padre Charles Borg

Fofocas deleitam! Novidade nenhuma ressaltar que todo ser humano possui seu lado bom e seu lado ruim! É surpresa quando o lado bom consegue destaque sobre o lado ruim. São tão poucas as boas notícias quando comparadas às manchetes de delitos. Parece inclinação mórbida no ser humano comprazer-se mais em apontar erros que valorizar acertos. Estudiosos do comportamento humano arriscam sugerir que a mania em reparar deslizes e comentar mais as transgressões é uma forma de as pessoas se autoprotegerem. Pois ao apontar os desacertos do outro, o sujeito, de alguma forma, imagina-se desviar o foco dos próprios erros. Ou, quem sabe, minimizar as próprias falhas. Fato é que a mania de comentar lapsos alheios provoca mórbido prazer. Não é sem motivo que programas ou literaturas de fofocas gozam de difusa popularidade.

A leviandade que sustenta esta infeliz mania torna-se ainda mais perniciosa quando se repara que, na maioria dos casos, os comentários têm sua origem em preconceitos ou prejulgamentos. Sem averiguar detidamente atos ou situações, o cidadão apresenta como fato consumado a leitura que faz de um determinado acontecimento ou de uma particular fala. Em não poucas vezes esta leitura representa não o fato como na realidade aconteceu, mas a maneira como o maldizente imagina ou quer que tivesse acontecido. É muita a vontade de imprimir a própria versão enviesada, negligenciando emoções e descartando contextos. É bem mais fácil espalhar leviandades que tirar de circulação comentários maldosos. Notórias são as trágicas consequências desse tipo de comportamento. Reputações avacalhadas. Relacionamentos destruídos. Carreiras arruinadas. Cirúrgico foi Jesus quando alertou ser necessário, primeiro, remover a trava do próprio olho antes de aventurar-se limpar o cisco do olho do semelhante. Erros existem.

Cometem-se falhas. Esquisitices todo mundo tem. Extremamente injusto, todavia, ignorar acertos e destacar levianamente pontuais deslizes. Observa-se doentio deleite pinçar erros em detrimento de tantos outros acertos. Minimiza-se toda boa vontade que o sujeito aplica em cumprir bem suas obrigações por conta de falhas ocasionais ou limitações pessoais. São muitos os que desistem de se esforçar para melhorar rendimentos ao perceberem não reconhecido seu empenho. Desperdiçam-se muitos talentos por impaciência, intolerância e arbitrária implicância.
Doloroso é viver a experiência em que uma pessoa é impiedosamente criticada como se possuísse somente defeitos. A obstinação em fazer oposição impede enxergar virtudes e valorizar qualidades. Heroica, por outro lado, emerge a disposição do cidadão que se dispõe, primeiro, a contabilizar atributos. Altamente educativo é o hábito de elogiar.

Causa estranheza a demora que certas lideranças manifestam ao não intuir que incentivar é muito mais produtivo que censurar. Ambientes melhoram, relacionamentos se aprofundam. Talentos afloram. Não se ignoram erros. Recusa-se, todavia, humilhar o faltoso. Resiste-se ao desleal impulso de tornar públicas as falhas. A maneira como se aborda o faltoso é que faz a diferença. Melhores costumam ser os resultados quando se consegue tirar do foco o erro, para destacar as latentes capacitações do faltoso e lhe demonstrar que com atenção e dedicação seu trabalho será mais produtivo e satisfatório.

O ser humano é intrinsecamente bom. Reúne mais virtudes que pecados. Pouca gente erra por opção consciente. Urge resgatar esta máxima! Os diversos atributos positivos encontram-se, é verdade, condicionados a trejeitos. Sujeitos a circunstanciais humores. Floresce mais o lado que melhor se cultiva!

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