Padre Edgar Souza reflete sobre a tradição dos presépios

Um dia desses fui a casa de um amigo. Ele tinha acabado de montar seu presépio. Confesso que aquela visita me ajudou a pensar em algumas coisas.

Eu não sei exatamente quando foi, mas a memória me informa que o primeiro presépio quem criou foi São Francisco de Assis. Olho com um carinho especial essa espiritualidade (se assim posso chamar) do advento. Espiritualidade da espera e, por que não dizer, espírito da ansiedade.

Este tempo que precede o Natal coloca em nosso coração uma ansiedade feliz e iluminada. Gosto desta ideia de preparar nossa casa para a chegada de um amigo. Sou fã das pessoas que são capazes de preparar um prato especial para um amigo que vai chegar. Este tempo de espera do Natal precisa se transformar neste tempo ansioso de aguardo por um amigo que vem nos visitar.

O comércio se prepara, acende as suas luzes, colocam as suas cores e esperam seus clientes com um sorriso diferente. E eu sei que fazem isso para vender mais. Penso que os cristãos também precisam retomar essa tradição dos sinais natalinos. Precisamos colocar os presépios em nossas igrejas, casas e outros estabelecimentos. As luzes todas brilhantes dão um colorido e uma vida especial em nossas ruas e cidades.

Podem dizer que é comércio. Podem dizer que o sentido do Natal verdadeiro está sendo esquecido, que Jesus ficou escondido e quem aparece é o Papai Noel. Isso é a mais pura verdade. E também é verdade que nós cristãos não conseguimos colocar alegria nenhuma no nascimento do Salvador. Montar um presépio e acender luzes é acordar essa espera feliz de uma novidade que veio salvar o mundo das trevas e da escuridão.

Eu insisto que deveríamos retomar a tradição de montar os presépios, arvores de Natal, de colocar guirlandas em nossas portas e também ascender luzes ao redor de nossas casas.

O Natal tem apenas um sentido comercial, porque só o comércio está preocupado em lembrar que é Natal, que é tempo de festa e presentes! Mas somos nós cristãos que precisamos devolver o sentido do Natal!

A troca de presentes é tão antiga quanto o próprio Natal. Os magos saíram de longe para trazer presentes ao menino Deus que acabara de nascer. Os veículos comerciais podem ter extrapolado tudo isso. Mas existe algo tão bonito quanto dar um presente a quem se ama em um tempo especial? Jesus é o grande presente de Deus para a humanidade.

Podemos sim nos esconder nos argumentos de que precisamos amar e cuidar o ano todo. É um argumento válido, mas apenas usado para desculpar a nossa falta de amor. E penso que durante o ano inteiro, amando pouco ou bastante, o Natal é um tempo especial de encontrar, de perdoar e superar diferenças. É um tempo de amor diferente. Então, com crise econômica, sem crise econômica, com desamor ou com muito amor, o Natal é o tempo de reacender o amor. E os enfeites externos podem nos ajudar a fazer brilhar as luzes de nosso interior. Experimente montar um presépio este ano, experimente ascender às luzes em volta de sua casa, aproveite um material reciclável e construa uma guirlanda, transforme o lixo em luxo.

Dê a esse coração, que sofre com coisas tristes no decorrer do ano, uma oportunidade de sentir esta ansiedade benfazeja e confortante.

Vamos sim resgatar o verdadeiro sentido do Natal que é o nascimento de Jesus, que é a vinda da alegria, da luz e da salvação. Abra as portas desse coração, espere com alegria, acenda as luzes da esperança, aceite a salvação, e saiba olhar o mundo com mais luz, brilho e amor!

Padre Edgar Souza Lima é vigário na Paróquia Sant’Ana de Araçatuba

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