“Anjos do Bem”, artigo do padre Charles Borg que aborda o Halloween e a fé

Raízes cristãs inspiram a celebração do HALLOWEEN! A compreensão da etimologia ajuda sobremaneira a entender o enunciado. HALLOWEEN é um termo de origem britânica, formado pela junção da palavra HALLOW – santo – com a palavra EVENING – véspera.

HALLOWEEN, então, lembra as tradições realizadas na véspera da solenidade católica de Todos os Santos, celebrada todo dia 1º de novembro. Em alguns países, França, por exemplo, o dia 1º de novembro, ainda é feriado nacional, TOUSSAINTS, celebrado de maneira bem singela. As famílias ornam janelas e varandas com flores. Em algumas cidades, crianças vestem costumes que lembram santos de devoção. Na origem irlandesa, a tradição do HALLOWEEN estimulava crianças a irem de casa em casa pedindo doces aos vizinhos e em troca prometiam orar pelos doadores e comprometiam-se a bem comportar-se. Ao migrarem para os Estados Unidos, os irlandeses levaram consigo a tradição católica do HALLOWEEN.

A cultura puritana protestante, predominante nos Estados Unidos, explorou o lado sombrio da brincadeira, dando destaque a espíritos maus que ameaçam roubar os doces dos pequenos e assim afastá-los do caminho do bem. Começam, então, a aparecer e a propagar-se imagens de bruxas e de outras figuras sinistras, simbolizando os inimigos do bem. É preciso defender-se desses maus espíritos que ameaçam roubar o doce das crianças. E a melhor maneira de fazer isso é camuflar-se, esconder-se atrás de máscaras assustadoras. O tino comercial explora bem tanto esse jogo de disfarce como também o estranho gosto de assustar os outros, a ponto de, hoje, a festa de HALLOWEEN perde em faturamento somente para o Natal.

Estima-se, para este ano, movimento em torno de 9 bilhões de dólares. Pelo lado cultural e educativo lamenta-se estarem as bruxas suplantando a lembrança dos heróis cristãos. Os santos, na verdade, são gente como todos, mas que souberam viver os valores evangélicos, cada um dentro de sua realidade particular. Uma brincadeira que originariamente foi pensada como estímulo e inspiração para uma vida pautada na caridade evangélica, degenerou-se em indigente representação de horror!

Emerge, espontânea, a pergunta: o que mais educa uma criança; explorar a assustadora influência de fantasmas sinistras ou difundir o exemplo de gente que, inspirada por sentimentos profundamente humanitários, dedica-se a promover vida e bem-estar entre vizinhos? Embora pareça obvia a resposta, o esquema comercial impõe seus valores.

Diverte-se mais fantasiando-se de bruxas e ogros que reforçar costumes que lembram pessoas de bem, dedicadas a resgatar a dignidade de semelhantes feridos. Sem piegas saudosismo, lamenta-se a dócil submissão a interesses comerciais e a controversas abordagens de relacionamentos. Assiste-se, na festa de HALLOWEEN, a mesma distorção que marca atualmente a celebração do Natal do Filho de Deus! O religioso perde espaço para o profano!
Por mais apelativo que fosse, o profano nunca consegue sobrepor-se por completo à dimensão do sagrado. No caso do HALLOWEEN, a exposição das bruxas acena, indiretamente, para a importância da prática da bondade. Sagazes educadores saberão explorar a necessidade de orientar as crianças a não se deixarem impressionar por forças que querem afastá-las do caminho do bem. Bonito é evoluir-se em anjo do bem e não permitir-se desfigurar-se em repulsivo bruxo de maldades!

Quem persevera no bem, no fim sempre sai vitorioso. Mesmo em filmes de terror, o mau caráter costuma terminar derrotado. Não há futuro na prática de maldades. Sábios e prudentes, pais e educadores saberão aproveitar-se da importada efeméride para convencer seus pupilos que o que vale mesmo é ser anjo do bem. Afinal, anjos são sempre bem vindos! Bruxos são prontamente repelidos e esconjurados. E no fim das contas, receber e deliciar-se com doces é supremo prazer!

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