Pe. Delmiro Vieira do Nascimento Júnior*
CATEQUESE SEMANAL – LITURGIA DA PALAVRA
5º DOMINGO DA QUARESMA – 29/3/2020
Textos:
Ez 37, 12-14
Sl 129 (130)
Rm 8, 8-11
Jo 11, 1-45
Primeira Leitura: O contexto da narrativa é o exílio da Babilônia. O povo de Deus se encontra como ossos ressequidos dentro do túmulo, ou seja, como mortos. E toma consciência de que no Exílio o povo perde a liberdade e os bens que garantem a vida resultando da má administração das lideranças políticas. O profeta recorda ao povo que Deus é fiel: o que ele promete, ele cumpre. Convida o povo a reavivar a memória dos acontecimentos narrados no Êxodo, ou seja, a presença de Deus que ouve os clamores do seu povo e os liberta de toda a opressão.
No Evangelho, a ressurreição de Lázaro é também ponto alto da Catequese batismal das primeiros comunidades cristãs, o qual quer conduzir à profissão de fé em “Jesus-vida”. A família de amigos de Jesus: Marta, Maria e Lázaro são a imagem da humanidade envolta em situações de morte. Betânia é toda comunidade com suas esperanças e teme que a morte tende a última palavra sobre nossas vidas.
Comunidade é o local onde se vive as relações de amor e fraternidade. O amor gera confiança e solidariedade em situações difíceis. A doença que verdadeiramente conduz à morte, é o pecado! O evangelho nos aponta a revelação de que a morte – ressurreição de Jesus é a prova maior do amor que Deus tem pelos seus.
Recordamos São João Crisólogo: o Senhor tinha ressuscitado a filha de Jairo, chefe da Sinagoga, o fez restituindo simplesmente à menina a vida, sem ultrapassar as fronteiras do além-túmulo. Ressuscitou da mesma forma que o filho da viúva de Naim, porém o fez como que antecipando ao sepulcro, como que suspendendo a corrupção e prevenindo os maus odores, como se devolvesse a vida ao morto antes que a morte tivesse reivindicado todos os seus direitos.
Mas no caso de Lázaro tudo é diferente: sua morte e ressurreição não tem nada em comum com os casos precedentes: nele a morte desenvolveu todo seu poder, e a ressurreição brilhou com todo seu esplendor. E ainda, a morte e a ressurreição de Lázaro já era um esboço exato da morte e ressurreição do Senhor, e o que logo acontecia com o Senhor antecipa-se no servo. Era necessária a morte de Lázaro para que, estando Lázaro no sepulcro, ressuscitasse a fé dos discípulos.
Na segunda leitura, do capítulo 8 de Romanos, fala-nos do tema central que é a “vida no Espírito”. O Espírito Santo que anima vida da comunidade. Segundo o Padre José Bortolini, “Vida no Espírito… é viver no mesmo modo que Jesus viveu, doando se plenamente.” Em oposição está “a vida segundo a carne”, abandonada seu egoísmo, fazendo-se de si mesma seu ídolo. Ao sermos batizados, recebemos o Espírito que animou a vida de Jesus. Também nós somos movidos pelo Espírito Santo que habita em nós. Por isso, o cristão não se coloca no centro do mundo, pelo contrário, o centro de sua vida é a pessoa de Jesus, seu projeto e a pessoa dos outros com mais necessidades. Ao aproximarmos da Semana Santa, deixemo-nos renovar interiormente, a ponto de sermos “novas criaturas”. O esforço quaresmal produza em nós frutos de conversão.