Harry Potter é tema de decoração natalina! Ao preferir destacar o herói da imaginação juvenil e ignorar o verdadeiro ícone da época, a direção de um shopping em Recife (PB) pretende atrair a clientela adolescente a frequentar o local e incrementar as vendas, típico hábito de fim de ano. Longe de querer motivar arcaico patrulhamento e piegas cruzada pseudo-religiosa, chama a atenção a completa alienação da peça decorativa. Na realidade, não menos profana dos onipresentes papais noel e duendes. Os patrocinadores dessas peças propagandísticas externam e promovem o sentimento puramente comercial que passou a caracterizar as festas de fim de ano. Natal é, predominantemente, tempo de compras, de presentes, de excitação. Nada contra, afinal Jesus nasceu para plenificar a vida humana. Lamenta-se apenas ficar a celebração do nascimento do Menino Deus reduzida a exterioridades passageiras a ponto de ignorar o real motivo para tanta excitação. Focar o fato histórico do nascimento de Jesus em nada reduz a euforia natalina. Ao contrário, lhe proporciona sólidos motivos para festivos congraçamentos. Recorrer à, e explorar a, rica simbologia cristã própria da época é proporcionar um contraponto catequético, contemplativo e artístico à profanação do mistério celebrado. Quem entende celebra com mais classe!
O pinheiro cresceu como símbolo natalino graças à sua natural capacidade de preservar-se viçoso, mesmo enfrentando o denso frio nórdico. Quando toda vegetação parece irremediavelmente aniquilada, o pinheiro preserva seu vigor, silenciosamente confirmando a supremacia da vida. Nenhum agente de morte, por mais valente, consegue sustar definitivamente o sopro de vida. O pinheiro permanece de pé, resistindo aos rigores do inverno, graças a raízes profundamente fincadas no solo. Onde as raízes são sólidas, tempestades não prevalecem. Ornados com as bolas coloridas, os pinheiros – e suas imitações artificiais – evocam os frutos de bondade, os gestos de atenção e as iniciativas de solidariedade, legítimos sentimentos natalinos!
O presépio, genial inspiração de São Francisco de Assis, recria artística e plasticamente a cena da natividade. Com a destacada imagem do Menino Jesus deitado na manjedoura, ladeado pelas figuras da mãe Maria e do pai adotivo, José, aquecido pelo bafo do burrico e do boi, admirado e reverenciado por pastores e reis magos, o presépio enternece, atrai e naturalmente provoca contemplação. Montado com catequética diligência, é propícia ocasião para pais e avós proporem leitura contemplativa a filhos e netos acerca do maravilhoso mistério da encarnação. Indelével experiência catequética. Imprescindível em todo lar cristão!
A primitiva escola monástica desenvolveu, por volta do sétimo século, sequência de refrãos – conhecidos como antífonas – a serem recitados nos sete dias que antecedem o Natal. Cada refrão começa com a exclamação Ó, seguido de um título, extraído da Bíblia, próprio ao Filho de Deus encarnado. O formidável, porém, encontra-se no acróstico invertido formado pela primeira letra da primeira palavra, na original redação em latim. O acróstico anuncia a vinda próxima do Senhor, literalmente, amanhã venho! Em seu conjunto e criatividade literal, a sequência das antífonas representa singela ladainha a enaltecer o Messias esperado! A partir do dia 17 de dezembro, para quem deseja saborear e orar, apresento na minha página no Facebook – padre Charles – a sequência das antífonas em português.
Ao subtrair Cristo do contexto natalino, a moderna cultura profana alimenta o egocentrismo, o individualismo, o fútil. Com Cristo, o Natal inspira sentimentos de continuada solidariedade, de caridade generosa. Sem Cristo, o natal é ruído, agitação, alienação! Com Cristo, o Natal é paz, é esperança, é inspiração. É festa humana, enfim!