Morre, aos 86 anos, frei Nicolau, que serviu Birigui por mais de três décadas

Morreu na madrugada de segunda-feira (16/03), aos 86 anos, o frei Lázaro Nicolau da Silva, o frei Nicolau, que por mais de 30 anos serviu o povo de Birigui. Ele faleceu em Piracicaba, onde vivia os últimos anos.

Frei Nicolau conversa com jovens em encontro vocacional de 2018
Frei Nicolau com jovens vocacionados, em 2018: amor e simplicidade são virtudes destacadas por paroquiano de Birigui (foto: Assessoria de Comunicação dos Capuchinhos/Reprodução)

Conforme a ordem religiosas dos Capuchinhos, a qual frei Nicolau pertencia, frei Nicolau estava internado há pouco mais de uma semana no Hospital dos Fornecedores de Cana, em decorrência  das complicações de um câncer que o religioso lutava.

Muito querido em Birigui,  frei Nicolau foi ordenado em 1960. Ele viveu na Paróquia Imaculada Conceição por mais de 30 anos, vivendo os últimos anos em Piracicaba, na casa dos frades idosos ou enfermos da Ordem dos Capuchinhos do Estado de São Paulo. Na cidade de nossa Diocese, o sacerdote foi condecorado com o título de Cidadão Biriguiense, em 2016, concedido pela Câmara de Birigui.

Na tarde de segunda-feira, a Santa Missa de corpo presente foi celebrada na Capela Sagrado Coração de Jesus (igreja dos frades), em Piracicaba. O sepultamento ocorreu às 16h desta segunda no Cemitério da Saudade, na mesma cidade.

RECORDAÇÕES

Para Eduardo Fernandes, da Paróquia Santa Clara de Assis, em Birigui, frei Nicolau nunca será esquecido pelas suas virtudes de bondade, simplicidade e sabedoria. “Começo dizendo que não há quem não ame o Frei Nicolau. Sua simplicidade, humildade, sabedoria tocaram os nossos corações de forma singular. Nele, víamos com clareza a bondade e a misericórdia de Deus”, diz.

Confira o depoimento de Eduardo sobre o Frei Nicolau:

“Sua simplicidade, humildade, sabedoria tocaram os nossos corações de forma singular. Nele, víamos com clareza a bondade e a misericórdia de Deus. Como reza um hino da Liturgia das horas: “Claro espelho de virtudes, homem santo, bom pastor”. Em Frei Nicolau resplandeceu todas as virtudes e sobretudo o amor: apaixonado pela sua vocação, apaixonado pelo Cristo, apaixonado pela Igreja fazia com que esse amor se derramasse pelas suas atitudes sobre as pessoas. Quando nos chamava a atenção, não era por outro motivo senão valorizarmos o próximo e sobretudo a Deus. Nunca vi o Frei Nicolau maltratando alguém, muito pelo contrário. Uma vez encontraram um bilhete na secretaria paroquial no qual o autor dizia coisas horríveis do frei, este ao ler, apenas sorriu.

Frei Nicolau era incansável! Por anos foi responsável pelos coroinhas, aliás foi ele quem começou com os coroinhas na paróquia Imaculada Conceição. Nas reuniões com os coroinhas parecia que ele voltava a ser criança: brincava, gargalhava… E nas confraternizações de final de ano, então?! Parecia uma verdadeira criança com os demais. Cativou-nos dessa forma. Nessas reuniões, nos ensinava sobre a liturgia, os mandamentos de Deus e da Igreja.

Ensinou a nós que servir a Igreja não era apenas na igreja, mas sobretudo fora dela. Nos ensinou a respeitar e acolher os diferentes; amar os nossos pais e professores…nos ensinou a ser gente! Seu amor presidindo a Santa Missa era inexplicável! Sentíamos isso em seu jeito de cantar, de rezar, na sua posição. Olhando pra ele não sabíamos se era um homem ou se era uma oração encarnada! Suas homilias cheias de sabedoria, de ternura…chamava nossa atenção de forma que era impossível não responder à altura. Educava-nos. Um verdadeiro pai da fé! Sua outra paixão era os enfermos.

Mesmo com sua idade já avançada não deixou de visitar, confessar, levar a comunhão, ministrar os sacramentos àqueles que não podiam ir à igreja. Nem mesmo a coloplastia impediu o frei desses serviços. Era a alegria em pessoa! Sempre com um sorriso, sempre atento a tudo. Se estávamos tristes, ele nos indicava caminhos para retornar a alegria e sempre falava: “Alegria, meus irmãos!” Uma vez, conversando, ele me disse: “Eduardo, quer saber o segredo da perseverança e da felicidade?” Respondi que sim. E ele falou: “o segredo da perseverança e da felicidade é a oração! Não pare de rezar! Nunca se esqueça de rezar! Deus é nosso pai e Maria a nossa mãe!”

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