Padre Charles Borg: a formação infantojuvenil não permite brechas

Fissurados no Tik Tok estão crianças e adolescentes. Tik Tok é uma rede social que veicula vídeos de apelo juvenil. Um desses vídeos divulga a estúpida brincadeira da rasteira. Em uma recente palestra que tinha pais como ouvintes, percebi que muitos entre eles nem sabem dessa brincadeira perigosa. Trata-se de convidar um/a colega a pular e na descida passar rasteira. A molecada grava e posta a brincadeira no dito site. A experiência viralizou.

As possíveis consequências dessa brincadeira insana são seriíssimas. A Sociedade Brasileira de Neurologia emitiu uma nota alertando pais e educadores acerca de possíveis danos, alguns irreversíveis, em crânios e encéfalos. Registra-se que uma menina já morreu em consequência dessa ‘arte’. Brincadeiras irresponsáveis sempre acarretam consequências sinistras. Inclui-se nesse rol de ‘brincadeiras’ levianas o aumento de adolescentes grávidas. As consequências negativas, principalmente na vida das adolescentes, são sobejamente conhecidas. Além do impacto negativo na evolução psíquica e no amadurecimento afetivo, muitas jovens abandonam os estudos, encontram dificuldades para ingressar no mundo de trabalho e se veem forçadas a ficar em casa.

A precoce aventura sexual aumenta, previsivelmente, o perigo de alastramento de doenças sexualmente transmissíveis. Salta imperioso desafio: como enfrentar estes e outros perigos que ameaçam a integridade física, mental, e psicológica de nossos adolescentes e jovens? Pais, educadores, a sociedade, enfim, precisam tomar posição! Belo indicativo de ação educadora foi a maciça e envolvente campanha contra o tabagismo. Comprovadas as nefastas consequências do fumo, tanto para o individuo como para a coletividade, a sociedade como um todo – governo, escolas, igrejas e associações – se mobilizou e promoveu esclarecedoras campanhas de informações e alertas.

O caminho, portanto, permanece a formação e a educação, recorrendo a todos os meios disponíveis para alcançar a tribo jovem. Que se divulguem vídeos ilustrativos detalhando as reais e graves consequências físicas e neurológicas embutidas na prática da rasteira. Recomendam-se paralelas produções, a mostrar os inconvenientes em série resultantes da precoces aventuras sexuais, sem necessariamente apelar para discursos moralistas. A sexualidade é predicado natural, intrinsecamente boa, portanto. Razão maior para que seja usada com responsabilidade e maturidade. Com disciplina e dignidade. Serena análise do atual contexto cultural induz a concluir, todavia, que tanto os adolescentes como os jovens, são cobaias manipuladas por uma leviana e licenciosa indústria erótica.

Evidente o descontentamento diante de brincadeiras bestas e assusta-se diante de meninas precocemente grávidas, mas permanece-se complacente diante de programas de lutas selvagens e sangrentas, envolvendo inclusive meninas. Como também diante de um exacerbado erotismo veiculado em novelas, programas de auditório e reality shows. A exibição de imagens exaltando a violência e explorando o fútil narcisismo impõe fortíssimo apelo sobre jovens imaturos afetivamente e descontrolados no quesito hormonal.

Desinformados e desassistidos acabam fazendo escolhas equivocadas. Educar permanece tarefa básica e permanente para desenvolver uma sociedade saudável. A formação não permite lacunas. Nem brechas. Nem ambíguas modéstias. Num terreno onde nada de bom se planta, o mato inevitavelmente nasce e toma conta!

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