Padre Charles Borg: inteligência artificial e paz (1)

O dia primeiro de janeiro é dedicado à paz universal! É hábito o papa dirigir uma mensagem, endereçada a todas as pessoas de boa vontade, a refletir sobre a paz. A mensagem seleciona um assunto candente e convida a ponderar sua importância para a construção da paz no mundo. Na mensagem deste ano, o Papa Francisco reflete sobre o alcance da Inteligência Artificial na edificação da paz no mundo. Seguem alguns trechos desta oportuna reflexão:
A Sagrada Escritura atesta que Deus deu aos homens o seu Espírito a fim de terem “sabedoria, inteligência e capacidade para toda espécie de trabalho”. A inteligência é expressão da dignidade que nos foi dada pelo Criador e nos tornou capazes de responder ao seu amor. Assim, o próprio progresso da ciência e da técnica leva ao aperfeiçoamento do homem e à transformação do mundo. Justamente nos alegramos e sentimos reconhecido pelas extraordinárias conquistas da ciência e da tecnologia. Ao mesmo tempo, os progresso técnico-científicos colocam nas mãos do homem um vasto leque de possibilidades, algumas das quais podem constituir um risco para a sobrevivência humana e um perigo para a casa comum.
Os progressos notáveis das novas tecnologias da informação, sobretudo na esfera digital, apresentam oportunidades entusiasmantes, mas também graves riscos, com sérias implicações da prossecução da justiça e da harmonia entre os povos. Os novos instrumentos digitais estão a mudar a fisionomia de inúmeros aspectos da vida diária. Além disso, as tecnologias que se servem duma multiplicidade de algoritmos podem extrair dados que permitem controlar os hábitos mentais e relacionais das pessoas para fins comerciais ou políticos, muitas vezes sem o seu conhecimento, limitando o exercício consciente da sua liberdade de escolha. Devemos nos recordar de que a pesquisa cientifica não está desencarnada da realidade nem é “neutra”, mas está sujeita à influências culturais. Isto aplica-se também às formas de inteligência artificial. A própria designação, que já entrou na linguagem comum, abrange uma variedade de ciências, teorias e técnicas destinadas a fazer com que as máquinas, no seu funcionamento, reproduzam ou imitem as capacidades cognitivas dos seres humanos. Seu impacto, independentemente da tecnologia de base, depende não só da projetação, mas também dos objetivos e interesses de qum os possui e de quem os desenvolve, bem como das situações em que são utilizados. Por conseguinte, não se pode presumir a priori que o seu desenvolvimento traga um contributo benéfico para o futuro da humanidade e para a paz entre os povos. O resultado positivo só será possível se nos demonstrarmos capazes de agir de maneira responsável e respeitar valores humanos fundamentais.
É preciso instituir organismos encarregados de examinar as questões éticas emergente e tutelar os direitos de quantos utilizam formas de inteligência artificial ou são influenciados por ela.
(continua)

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