Tudo tem seu tempo. Tudo tem sua hora! É a sábia lição que o livro Sagrado propõe! A hora da eleição acabou! Ou, pelo menos, devia ter acabado, pois pelo que se observa, muitos ainda persistem em prolongar a exacerbada tensão do período pré-eleitoral. É de conhecimento geral que esta campanha, em particular para o cargo maior da Republica, foi de aguda rivalidade. Tudo o que se conversava era entendido e interpretado com lente política, a favor de um ou contra o outro. A cor da roupa que o cidadão vestia aleatoriamente era vista como indicativo de preferência política. Nem a vestimenta do cardeal escapou! Lamentável paranoia
! Nas igrejas, padres/pastores prudentes experimentaram situações tensas, policiando palavras e selecionando frases, justamente para não alimentar a já insana tensão. A eleição passou. A hora, agora, é de serenidade e bom senso! Urge domar as paixões e abrir espaço para racionalidade. É sabido que paixão e bom senso não habitam a mesma casa! Ajuda sobremaneira, neste estágio pós-eleitoral, recorrer à elementar sabedoria que todo bom motorista domina. Carros não param no momento que o motorista pisa no freio. Dependendo da velocidade da rodagem, o veículo necessita de espaço e tempo certos para parar.
O nível mercurial de febre política chegou a graus altíssimos nessas ultimas semanas. Recomenda-se, portanto, dar tempo para a febre baixar de modo a recuperar a necessária serenidade para refletir, para analisar e definir com prudente discernimento futuros rumos. O tempo, agora, é de disciplinado silêncio, tanto no campo exterior, abstendo-se de enviar e comentar mensagens de cunho político, como no campo interior, alimentando a alma com inspirações de paz, de tolerância e de respeito. Gente com boas intenções compenetra-se da urgência da hora para represar emoções e recuperar a serenidade do entendimento. Gente de bom senso compreende que o tempo é de diálogo maduro. Descontroladas, as paixões cegam e bitolam.
Sobre o discípulo de Jesus Cristo recai uma peculiar responsabilidade na tarefa de promover clima ideal para o diálogo e a tolerância. A leitura atenta do Evangelho revela que a fidelidade primária do discípulo é com o Senhor Jesus Cristo e com as verdades por ele anunciadas. O Mestre de Nazaré foi enfático ao definir ser impossível servir a mais de um senhor. O discípulo consciente segue somente a um só Mestre. Ora, Jesus declarou explicitamente felizes pessoas que constroem a paz. O construtor da paz é reconhecido como legítimo filho de Deus! Sabe-se que para Jesus paz implica muito mais que simples convívio civilizado. Paz, para o Mestre de Nazaré, representa a plenitude do bem estar, fundamentado na justiça e no digno respeito ao semelhante. No conceito de Jesus, bem aventurada é a pessoa que derruba muros e constrói pontes. Ditoso é o sujeito que se empenha em promover a concórdia. Unir cidadãos não significa, de forma alguma, induzir pessoas a abdicar de suas preferências. Representa cultivar respeitosa tolerância diante do diferente e aprimorar-se na capacitação para dialogar com quem segue convicções diversas. Acima de tudo, contudo, representa estar sempre em busca da verdade que liberta. A busca sincera da verdade demanda, não raramente, ajustes na maneira de enxergar e de entender. Quem resiste reciclar, trava o progresso. Razão porque silêncios e pausas também compõem a logística do dialogo!
Fanatismo não coabita com raciocínio reflexivo! Movida a paixões, a sociedade se fragmenta! Dividida, a nação afunda e o prejuízo é geral! Tudo tem seu tempo! A hora, agora, é serenar os ânimos, visando civilizado convívio. O tempo é de reciclagem! A hora é de restaurador silêncio!