Tomé era judeu da Galiléia, e provavelmente pescador. Seu nome (Didymus, em Grego) significa “gêmeo”, portanto deve ter tido um irmão. Foi um dos 12 Apóstolos escolhidos por Jesus (cf. Mc 3,18; Mt 10,3), acompanhando o Cristo durante os três anos da Sua vida pública. É citado nos Evangelhos sinóticos (isto é, semelhantes, de Mateus, Marcos e Lucas) apenas nas listagens dos Apóstolos, mas São João Evangelista o menciona com mais destaque. Fica evidente daí que, como São Pedro, Tomé tinha um caráter forte e impulsivo, podendo agir com soberba e obstinação, mas também capaz de profundo arrependimento e generosidade.
Assim, quando e apesar da já declarada perseguição dos fariseus a Jesus, Tomé apoia a intenção do Mestre de ir a Betânia para o episódio da ressurreição de Lázaro, apesar do medo dos demais Apóstolos, dizendo a eles: “Vamos também nós, para morrermos com Ele” (Jo 11,16). Porém mais adiante demonstra, na Última Ceia, uma desproporcionada incredulidade: “Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? Ao que Jesus respondeu: Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim” (Jo 14,5-6).
Esta sua incredulidade é ainda maior na situação pela qual São Tomé é mais conhecido, isto é, a de não acreditar na aparição de Jesus aos demais Apóstolos depois da Ressurreição, dizendo: “Se eu não vir as marcas dos pregos em Suas mãos, não colocar o meu dedo onde estavam os pregos e não puser a minha mão no Seu lado, não acreditarei.”; mas oito dias depois Cristo lhes aparece novamente, e Tomé reconhece, e dá, um dos maiores testemunhos da divindade de Jesus que há na Bíblia:
“Uma semana mais tarde, os seus discípulos estavam outra vez ali, e Tomé com eles. Apesar de estarem trancadas as portas, Jesus entrou, pôs-Se no meio deles e disse: ‘A Paz esteja convosco’. Depois, disse a Tomé: ‘Coloque o seu dedo aqui e olhe as Minhas mãos; estenda tua mão, coloque-a no Meu lado e crê, e não sejas mais incrédulo!’. Respondeu Tomé: ‘Meu Senhor e meu Deus!’. Então Jesus lhe disse: ‘Porque me viste, acreditaste. Bem-aventurados os que não viram e acreditam” (cf. Jo 20,24-29).
Tomé estava com os outros Apóstolos em Pentecostes (At 2,1-4), recebendo com eles o Espírito Santo. Após a Ressurreição de Jesus, a tradição propõe que São Tomé evangelizou a Síria, Edessa na atual Turquia, a Babilônia, a Mesopotâmia e, especialmente, a Índia. A cidade de Malabar neste país alega sua evangelização na região e o seu martírio pelos hindus, através de golpes de lanças. Os navegadores portugueses, que lá encontraram relíquias de São Tomé, e também São Francisco Xavier, no século XVI, constataram que uma fervorosa comunidade católica, persistente até hoje, ali existe a partir destes relatos.
Não parece mera coincidência que, em 2004, as ondas do tsunami que arrasou esta região não tocaram, ao contrário contornaram, a Igreja de São Tomé onde estão ao menos parte das suas relíquias: a tradição local afirma que o santo ficou um poste – que ainda existe – em frente ao local onde hoje está a igreja, afirmando que as águas do mar jamais passariam dali.
São Tomé é venerado por católicos, ortodoxos e coptas.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho