Vacine já! Artigo semanal do padre Charles Borg

Estranha situação vive-se atualmente no país! Aproxima-se celeremente à trágica marca de 500mil óbitos, equivalente a 1350 cidadãos morrendo cada dia nos últimos 14 meses, como se 4 aviões caíssem todos os dias, e ainda se debate se é aconselhável tomar a vacina! A polêmica é surreal, em especial ao constatar que o contágio permanece vivo e ameaçador. Médicos alertam que uma parcela considerável da sociedade, pacientes com comorbidades impossibilitados de ser vacinados por conta de baixa imunidade, torcem e rezam para não serem contaminados, pois isso significaria a decretação de sua sentença de morte.

Não é de se admirar que lideranças religiosas, o Papa Francisco a frente, têm se desdobrado para convencer as pessoas a se apresentarem para receber a vacina. O Papa chegou, inclusive a afirmar que recusar receber a vacina equivale a suicídio, uma vez que o contágio coloca a vida em sério perigo. Aliou-se o pontífice à campanha em favor de uma distribuição mais equitativa das vacinas entre as nações. Países pobres, como também entre nós, estados e bairros menos desenvolvidos, enfrentam dificuldades em conseguir o imunizante.

Coerente, Papa Francisco ordenou que a sala onde costuma realizar suas audiências públicas fosse, provisoriamente, transformada em espaço para aplicar vacinas. Considera o Santo Padre importante alertar os fieis que não há nada de imoral em receber vacinas, como alguns, infelizmente andam espalhando. Opiniões equivocadas – ou até mesmo mal intencionadas – geram confusão e desconfianças.

Ecoando apelos da comunidade científica, lideranças religiosas têm insistido na divulgação de informações balizadas com relação à pandemia. Reconhecem-se a ascendência e a credibilidade que padres e pastores gozam junto às comunidades que pastoreiam. Apelam os profissionais de saúde para que os religiosos usem essa ascendência e motivem seus fieis a procurarem a vacina. Afinal, se cultos religiosos são usados para disseminar falsidades e realizar dissimulados comícios, por que não podem servir para uma causa tão justa e necessária como a motivação para receber vacina?

Imperioso é demonstrar aos fieis que apresentar-se para receber vacina é manifestação de caridade cristã. É sobejamente conhecido que o atual patógeno só pode ser controlado por vacinas e/ou mediante as orientações sanitárias de distanciamento social, uso de máscaras e higiene. Ao ser vacinado o cidadão desenvolve anticorpos que o defendem contra a contaminação como também diminuem consideravelmente o risco de ele se transformar em vetor de contágio. Receber a vacina é gesto de valorização da própria vida como também da vida alheia, cumprimento atualizado do básico mandamento do amor fraterno.

Reclama-se tanto, e com razão, das limitações e restrições que a pandemia provocou, mormente quanto à abstinência de cultos religiosos. Caso se deseje efetivamente o retorno seguro e descontraído às atividades religiosas, mister se faz apresentar-se para ser vacinado. O mesmo vale para as atividades escolares, tão seriamente afetadas pela pandemia. O zelo pela saúde integral das crianças impele promover a aplicação das vacinas.

É a difusa imunização que, na prática, assegura a todos o direito de ir e vir. Difusa vacinação garante célere retorno à atividades humanas, sociais e recreativas, sem medos e sem sobressaltos! Vacine já!

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