Pontes, artigo do padre Charles Borg

 

Joe Biden será o segundo presidente católico nos Estados Unidos! Biden é católico praticante. Nasceu e cresceu em família católica. Os jornais do final de semana, após a confirmação da sua eleição, estamparam fotos dele indo à missa. Prática que ele segue regularmente em sua paróquia de São José, na cidade de Greenville. Comenta-se ainda de uma devoção sua particular de se agarrar ao terço sempre que enfrenta situações difíceis. A identidade católica do futuro presidente molda seus conceitos sobre direitos humanos, ecologia, direitos de minorias, a ponto de frequentemente citar textos pontifícios em seus discursos.

Biógrafos de Biden creditam à sua fé a admirável força de personalidade que fez com que suportasse o trágico acidente automobilístico que matou sua primeira esposa e sua filhinha de um ano e, mais tarde, sepultar outro filho, vítima de câncer. Biden é religioso convicto, diferente de tantos outros políticos que posam de religiosos por interesses eleitorais. Detalhe interessante emerge da campanha política de Biden. Ele não usou suas credenciais religiosas como trunfo na campanha política.

É comum entre os seres humanos exibirem seus diplomas para conseguir destaque. O ‘doutor’ é mais respeitado. O ‘juiz’ tem preferência. O ‘padre’ consegue privilégios. Contudo, títulos não asseguram idoneidade, nem competência. Muito menos sabedoria. O sujeito ‘formado’ possui, presumivelmente, conhecimentos mais amplos. Não necessariamente competência administrativa. Cultura não é sinônimo de escolhas certas. A presente crise provocada pela pandemia ilustra bem esta narrativa. Formidável é o atual estágio de evolução cientifica, nem por isso governantes e cidadãos agem com o discernimento e a cautela recomendadas. Com as informações que a classe cientifica fornece, esperam-se decisões mais ponderadas e responsáveis!

Claro, a identidade católica do futuro presidente dos Estados Unidos não garante que seu governo será um êxito completo. Política é um complexo conjunto que exige difíceis e constantes manobras. Quando, todavia, o político abraça com convicção princípios genuinamente cristãos, suas decisões e orientações passam a ser guiados por valores que promovem o ser humano. O Evangelho de Jesus Cristo representa um dos manuais mais humanos que se conhecem. Ninguém é mais humano que o Filho de Deus encarnado!

A esperança que emerge a partir da identidade religiosa do futuro presidente não é que ele vá favorecer esta ou aquela denominação religiosa. Seria por demais interesseira e oportunista esta torcida. O que se espera, e para o que se reza, é que, de fato, princípios cristãos e valores genuinamente humanos inspirem a pauta de preferências do governante mais poderoso do mundo. Segundo observadores, o temperamento moderador e prudente de Biden há de contribuir muito na direção de ajustar o presente caminho de humanidade, marcado por polarizações, divisões e rancores.

Independente de rótulos, e se, de fato, este procedimento se verificar, o mundo respirará mais aliviado, liberto de tensões provocadas por vaidades, arrogâncias e petulâncias. Alvissareira é a insistência, nos primeiros discursos de Biden, após ser declarado vitorioso, sobre a urgência da união, do perdão e da reconciliação. Enorme sempre é a expectativa que dirigentes políticos privilegiem construir pontes e demolir muros. A esperança de equilibrar o rumo da História repousa na supremacia da justiça evangélica!

2 Comentários

  • Como Sempre um texto que nos vem iluminar. Leio todos!! Parabéns Pe. Charles.

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